Tecer redes para a transição em Portugal é o mote da segunda edição da Confluência pela Agroecologia que este ano acontece de 20 a 22 de Junho na Golegã. Com um programa fértil em trocas de experiências, visitas a quintas, conversas e sessões de trabalho, o evento convida à participação todas as pessoas implicadas na construção de um sistema agroalimentar mais justo, sustentável e resiliente.
No cardápio, destacam-se as “rotas pela agroecologia”, com visitas a várias quintas da região, uma sessão em torno do 50º aniversário da Reforma Agrária e a participação de redes internacionais, como a Agroecology Europe, a Rede Ibérica de Agroecologia e a Aliança Europeia pela Agricultura Regenerativa. Ao longo dos três dias de encontro, não faltarão oportunidades para avançar com a articulação de redes e movimentos em Portugal e além, bem como momentos de convívio, cultura e repasto para nutrir o espírito de todas as pessoas que irão confluir na Golegã neste solstício de Verão.
Nos trilhos da agroecologia
O pré-evento começa na sexta-feira, 20 de Junho, com três rotas de visitas a quintas e projetos inspiradores na Golegã e territórios circundantes. Na Rota Norte, as Hortas da Rainha (Torres Novas) e o Horto do Amor (Tomar) abrem os seus portões para a colheita de produtos e uma oficina de biofertilizantes. Na Rota Sul, The Landscape Farm (S. Vicente de Paúl) e Vivid Farms (Casével) farão visitas guiadas com demonstração de processos e degustação. Estes trajectos convergem às 17h numa visita à agrofloresta da Casa Mendes Gonçalves (Golegã), onde durante a manhã haverá também uma oficina de construção de cercas para pastoreio dirigido. Há ainda a Rota dos Cereais, com visita à moagem da Farinha Paulino Horta (Alenquer) e à quinta de João Vieira (Cadaval), terminando na Golegã onde à noite haverá um jantar partilhado entre todos os participantes.
Reforma Agrária, 50 anos depois
Ao fim do dia de sexta-feira, será abordado o tema fundamental do acesso à terra, relembrando a Reforma Agrária no ano que se celebra o seu 50º aniversário, com a projeção do documentário “O Rendeiro” (1975, 26m), de Luís Gaspar, em torno da lei do Arrendamento Rural, ao qual se seguirá uma conversa com um dos seus protagonistas, João Vieira, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e também anfitrião na Rota dos Cereais.
Pés na terra! Mercado, partilhas e co-construções
No sábado de manhã, um Mercado de Produtores com espaço para Trocas de Sementes marca o início da II Confluência às 9 horas no Equuspolis — um espaço exterior à beira rio onde irão decorrer as actividades ao longo do fim de semana. Pelas 11:30, começa um Plenário de Agricultores/as em torno de necessidades para alavancar a produção agroecológica e alcançar o equilíbio entre procura e oferta, sustentabilidade financeira e comunicação entre quem produz e quem consome.
Após um almoço entre núcleos territoriais, acontece o Rodízio de Iniciativas, com apresentações relâmpago de diversas iniciativas agroecológicas. Durante o resto da tarde, um Espaço Aberto convida ao trabalho conjunto em torno de necessidades concretas identificadas pelas pessoas participantes na I Confluência, em três reuniões virtuais preparatórias e no formulário de inscrição. Entre os temas propostos para estas sessões paralelas, estão as redes de quintas farol, os Sistemas Participativos de Garantia, as redes de distribuição agroecológica, as políticas públicas e a relação entre saúde e alimentação. Os trabalhos terminam com uma apresentação em grande grupo dos trabalhos feitos em cada tema e com a definição de passos para a sua continuação em rede. O dia terminará com convívio, jantar e festa-oficina de cante tradicional.
Enxadas ao alto! Tecendo redes
A manhã de domingo é dedicada à dimensão política da agroecologia e à articulação de redes nacionais, ibéricas e internacionais. Num primeiro momento, serão ouvidos representantes de movimentos sociais em Portugal que trabalham no terreno a transição agroecológica e/ou contestam projetos extractivistas que disputam recursos comuns essenciais à soberania alimentar. Num segundo momento, serão trabalhadas reivindicações e possibilidades de articulação numa dinâmica que envolverá também a participação das redes internacionais Agroecology Europe, Rede Ibérica de Agroecologia e Aliança Europeia pela Agricultura Regenerativa.
Espera-se que daqui resulte um Manifesto das Confluências pela Agroecologia, com a definição do projeto comum e de que agroecologia afinal ali se trata, perante a co-optação do termo a que já se assiste que deixa de fora a transformação estrutural das relações de poder do sistema alimentar atual. O texto será lido e aprovado no último plenário antes do almoço e celebração de encerramento.
Dois anos depois da I Confluência pela Agroecologia, que juntou cerca de 170 participantes em 2023 em Torres Vedras, esta segunda edição está a ser co-organizada por Al-Bio (Associação Agroecológica do Algarve), AMAP (Associações para a Manutenção da Agricultura de Proximidade), CeCaFA (Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecologia), ESAV (Escola Superior Agrária de Viseu do Politécnico de Viseu) e GAIA (Grupo de Ação e Intervenção Ambiental), e conta com o apoio do Município da Golegã, da Rede das Cooperativas Integrais, da Reflorestar, da ReformaAgraria.pt, coletivos.org, e diversos parceiros locais.

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